As opções começaram a surgir em minha mente, e eram tão poucas!!
Eu poderia me jogar na água novamente e ficar por ali... até morrer... ou poderia encontrar um lugar abandonado para me esconder, mas como caminhar entre eles sem ser vista? Foi então que vi um papel no chão, um tal "panfleto", e nele haviam informações de coisas que não me interessavam... Mas a forma de vida estampada ali sim! Uma das habilidades que os Plutonikos adoram se gabar, era a metamorfose, muito utilizada em batalhas para confundir o inimigo, afinal se você se transformar em um deles, até descobrir quem era o impostor, a guerra já estava ganha. Aquilo sim era uma opção viável!
A transformação aconteceu muito rápido, como num estalar de dedos. Em poucos segundos, eu já não possuia mais uma pele azul coberta por espólios policulares, nem orelhas pontudas e corpo esquisito e molenga. Tudo estava de pé, tudo estava firme e durinho. Eu não sabia exatamente o porque, mas aquela estrutura física era muito confortável e estável também. Até meu cheiro parecia diferente - Agora posso encontrar um lugar para me esconder, e com essa aparência humanística ninguém sequer me notará e eu poderei passar despercebida! - mas minha alegria durou pouco, ao longe pude ouvir um grito agudo e estridente - AAAAIIII MEEEUUU DEEEEUUUSSS!!
Lá, do outro lado da praça, tinha uma estranha criatura que parecia correr em minha direção, com os olhos fixados em minha pessoa. - "O que eu faço?? Ela viu minha transformação? Preciso fugir!!!" - pensei, porém já era tarde para isso. A criatura já estava há dois palmos do meu novo corpo - NÃO POSSO ACREDITAR NO QUE MEUS OLHOS VEEM!!! - a criatura gritou.
Fiquei olhando-a sem saber que atitude tomar, somente o espanto era claro em minha face - o que .. o que ... - tentei murmurar, treinando aquele novo idioma que ainda não inha sido praticado. -CECÍLIA RAMOS!!!! MEU DEUS ME BELISCA!!! EU TÔ NO CÉU! SANTA MÃE DO BATOM ROSA! EU VOU MORRER!!!! - "Será que essa coisa está morrendo na minha frente? Ela esta doente?" - pensei, curiosa com aquelas reações esquisitas dela. Mesmo tendo aprendido muitas coisas pelo capacete, eu ainda não compreendia gírias, manias e formas de falar que não significavam exatamente o que diziam.
-Você esta bem moç...você? - perguntei. A criatura só faltava ter um ataque epilético. -É lógico que não tô bem, eu tô ótima! - a coisa respondeu. -Mas você disse que estava morrendo ... - fiquei confusa. Ela estava ou não morrendo afinal? -Hahahaha Cecília sempre bem humorada! Maravilhosa! - ela respirou um pouco - Desculpe chegar assim de repente do nada, você deve estar pensando que eu sou uma fã maluca louca possessiva mas eu realmente estou super super super super feliz de te ver assim tão de pertinho!!! - "Cecília? Fã? O que essa maluca estava falando?" - pensei.
Olhei novamente no pedaço despresível de papel ainda em minhas mãos e li: "Vista-se como as celebridades, sinta o poder de ser quem elas são, coleção primavera verão de Cecília Ramos".
- "Celebridades são pessoas muito famosas perseguidas e amadas (ou não) por todos... Aaahh mas que genial não é mesmo? Se transformar numa celebridade quando a intenção era escapar dos olhares!" - pensei, fazendo uma cara de desconforto e desespero.
A criatura ao lado pareceu ter notado e ficou meio sem jeito - er... olha, desculpa mesmo viu... Eu não sei o que uma celebridade como você faz nessa cidade tão pobre de cultura, provavelmente deve estar querendo dar um tempo das câmeras e dos holofotes mas bla bla bla, bla bla bla - eu tinha parado de ouvir aquela boca enorme que mais parecia um Choghat, e tentei pensar no que fazer a seguir.
-Ah sim! Isso mesmo! Eu estou um pouco cansada dessa vida corrida de gente famosa, por isso procurei um lugarzinho bem medíucre onde ninguém imaginaria que eu estivesse pra relaxar um pouco - tentei enrolar um pouco, com tantas informações surgindo em minha mente conforme pegava palavras daquele idioma e montava frases, eu não sabia ao certo se tudo estava fazendo algum sentido.
-Oh! Entendi.. - disse a outra, meio sem graça e constrangida - Que mancada feia a minha hein, você tentando se esconder e eu gritando teu nome feito uma linguaruda! Peço minhas sinceras desculpas! - fez uma pausa - Eu sou Alana! E claro não precisa se apresentar pra mim hehehehe. - Esses humanos eram curiosos... Como alguém conseguia ficar tão à vontade perto de outro ser que mal conhecia? Por isso aconteciam tantas tragédias nesse planeta... Ela não parou por ali - Bem, desculpe me intrometer mas você já tem onde ficar? Claro você não poderia passar a noite aqui na praça né, e já que esta fugindo dos flashs, também não deveria ir para os hoteis daqui. Mesmo sendo uma cidadezinha "medíucre" ainda temos bons reporteres que adorariam te fotografar se soubessem que esta aqui... - ela fingiu pensar um pouco - você pode ficar na minha casa se quiser! Eu posso ajudar a "te esconder" hihihi.
Aquela linguarudinha sem vergonha... Ela estava fazendo aquilo que se chamava chantagear? Porque parecia ter uma certa trama ali. Mas para mim caiu como uma luva, pelo menos teria onde passar a noite e quem sabe poderia até exterminar aquela Choghat e seu DNA defeituoso.
Continua ...
*P.S. sim eu mudei o diálogo da terceira pessoa para a primeira pessoa ♥
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